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Ecofy

Cradle to Cradle: o futuro não descarta nada


Desde a Revolução Industrial, seguimos um modelo bem conhecido (e bastante problemático): tirar da natureza, produzir, usar e jogar fora. Esse ciclo linear parece simples, mas os efeitos são tudo menos isso: poluição crescente, desperdício de recursos e um planeta cada vez mais esgotado. Mas… e se existisse outra forma de fazer as coisas? Um jeito de produzir sem gerar lixo, reaproveitando tudo, como a própria natureza faz?

É aí que entram ideias como a Economia Circular e, especialmente, o conceito Cradle to Cradle (C2C) — uma proposta ousada e inspiradora que vai muito além da reciclagem. Neste artigo, você vai descobrir como nasceu esse conceito, quais são seus princípios e de que forma ele já está sendo colocado em prática por empresas que querem fazer diferente. Vamos também mostrar como o design e a gestão ambiental são peças-chave nesse quebra-cabeça e como iniciativas como a da Ecofy podem ser grandes protagonistas dessa transformação. Preparado para repensar a forma como o mundo produz e consome?

Então vem com a gente!

Origem e fundamentos do Cradle to Cradle

O conceito Cradle to Cradle (do berço ao berço), criado por Michael Braungart e William McDonough em 2002, propõe uma mudança profunda na forma como os produtos são projetados. A ideia é substituir o modelo linear por um sistema em que os materiais são continuamente reaproveitados em ciclos fechados, sejam eles biológicos ou técnicos. O C2C parte da premissa de que não deve existir o conceito de resíduo: tudo pode ser nutriente para outro processo (McDonough & Braungart, 2002).

Inspirado nos sistemas naturais, o C2C propõe três princípios fundamentais:

O modelo foi formalizado por meio da certificação Cradle to Cradle Certified™, lançada em 2005 pelo Products Innovation Institute, que avalia produtos com base em critérios como saúde dos materiais, reutilização, energia renovável, gestão da água e equidade social (Fernandes, 2013).

Relação com a Economia Circular

Embora distintos, Cradle to Cradle e Economia Circular compartilham objetivos comuns: ambos buscam fechar os ciclos de materiais, valorizar recursos e promover a regeneração ambiental. Walter Stahel, um dos pioneiros da Economia Circular, já na década de 1970 propunha uma "economia de performance", voltada para a durabilidade dos produtos. O C2C complementa esse modelo ao oferecer diretrizes práticas de design para garantir circularidade desde a concepção dos produtos.

De acordo com Abramovay (2015), a Economia Circular não visa apenas reduzir danos, mas criar valor regenerativo para ecossistemas e comunidades. Diferentemente do modelo linear, que é baseado em obsolescência e descarte, a circularidade propõe que todos os materiais circulem de forma contínua, e o C2C oferece as ferramentas para isso.

"A economia circular tem a ambição de transformar este sistema para que tanto os nutrientes biológicos, como os nutrientes técnicos que compõe a riqueza sejam permanentemente não apenas reciclados, mas revalorizados ao longo dos processos produtivos. [...] preconizam uma economia não apenas menos danos, mas regenerativa tanto dos ecossistemas como dos tecidos sociais que têm sido sistematicamente destruídos pelas formas atuais como se obtém riqueza".

(ABRAMOVAY, 2015, p.3)

Design e Gestão Ambiental

No coração do Cradle to Cradle está o design — não apenas como uma etapa estética ou funcional de um produto, mas como uma ferramenta estratégica para transformação ambiental, social e econômica. É no momento de projetar que se definem os materiais utilizados, os processos de fabricação, a eficiência energética, o potencial de reuso e reciclagem, e até o impacto pós-consumo.

Segundo Braungart e McDonough (2002), criadores do C2C, "design não é o que acontece depois que a engenharia termina, é o processo que define a própria existência do produto dentro de um sistema circular". O design regenerativo proposto por eles sugere que produtos sejam concebidos desde o início como nutrientes técnicos ou biológicos, prontos para retornar com segurança à natureza ou à indústria.

LUZ (2017), ao falar sobre design circular, reforça que projetar pensando em ciclos fechados envolve atributos como reparabilidade, modularidade, atualizações, reuso e reciclabilidade — características que não apenas aumentam a vida útil dos produtos, mas também reduzem drasticamente a extração de novos recursos e o volume de resíduos.

O papel da gestão ambiental na transição para o C2C

Se o design é o ponto de partida, a gestão ambiental é o elo que conecta o projeto à realidade da produção e do mercado. No Brasil, esse papel ganha ainda mais relevância diante dos desafios locais, como a informalidade na gestão de resíduos, o baixo índice de reciclagem e a necessidade urgente de inovação em setores intensivos em recursos.

Gestores ambientais têm o potencial de:

Além disso, ao integrar as metas de sustentabilidade às metas estratégicas da empresa, a gestão ambiental fortalece o papel do negócio na sociedade, não apenas como agente econômico, mas como agente regenerativo.

Convergência entre o design estratégico e a gestão ambiental

A verdadeira potência do modelo Cradle to Cradle se revela quando o design e a gestão ambiental atuam juntos, de forma estratégica. Enquanto o design antecipa problemas e propõe soluções regenerativas, a gestão assegura que essas soluções sejam implementadas de forma consistente, monitorada e com impacto mensurável.

É essa integração interdisciplinar que permite, por exemplo, o desenvolvimento de embalagens que retornam à cadeia produtiva, roupas compostáveis, construções que geram energia e purificam o ar, ou eletrônicos modulares fáceis de desmontar e reaproveitar.

E mais: quando essa visão é internalizada, ela cria novas formas de pensar valor, estimulando inovações que atendem tanto aos critérios ambientais quanto às expectativas dos consumidores e às exigências regulatórias.

Economia Circular no Brasil

O Brasil já reconhece os princípios da circularidade em suas políticas públicas. O PNRS determina a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e incentiva o reaproveitamento de resíduos. A logística reversa, por exemplo, tem sido uma importante ferramenta para viabilizar essa circularidade, especialmente em setores como eletroeletrônicos, embalagens e pneus.

Embora ainda haja desafios — como a ausência de incentivos fiscais e a necessidade de maior adaptação do mercado (Weetman, 2019; Daher, 2021) —, iniciativas como a certificação C2C podem contribuir para a consolidação da economia circular no país, conectando inovação, sustentabilidade e responsabilidade social.

Exemplos práticos e setores com potencial

São diversos os setores que têm se destacado na adoção dos princípios C2C:

Construção civil:

empresas como a Tarkett utilizam materiais modulares e recicláveis para pisos e revestimentos, reduzindo impactos ambientais e promovendo reuso.

Moda:

marcas como Stella McCartney investem em tecidos biodegradáveis e design circular.

Tecnologia:

a Fairphone, empresa social holandesa que trabalha para construir smartphones sustentáveis e livres de conflitos, produz smartphones modulares, fáceis de reparar e desmontar.

Embalagens:

empresas como Natura e Unilever investem em soluções recicláveis e reaproveitáveis.

No Brasil, iniciativas como o Projeto Recicla da Braskem e os programas de logística reversa da HP são exemplos de como é possível incorporar os princípios C2C nas estratégias empresariais.

Ecofy como agente de transformação sustentável

A Ecofy, ao unir design estratégico e consultoria ambiental, está posicionada para ser uma facilitadora da transição para a economia circular com base nos princípios C2C. Atuamos desde a concepção de produtos e serviços até a reestruturação de processos, promovendo soluções que considerem todo o ciclo de vida dos materiais.

Entre nossas principais contribuições estão:

Dessa forma, a Ecofy contribui não apenas para a redução de impactos negativos, mas também para a criação de valor regenerativo — ambiental, social e econômico.

Do design à transformação: nosso papel no ciclo

O conceito Cradle to Cradle pode até parecer, à primeira vista, algo distante da nossa rotina. Mas, na verdade, ele começa em escolhas simples: repensar o que consumimos, como descartamos e até como projetamos nossas ideias e soluções.

Se tem algo que esse modelo nos ensina é que não basta apenas “poluir menos” ou “desperdiçar menos” — a proposta é ir além. É criar produtos, serviços e sistemas que tragam impacto positivo desde o nascimento até o recomeço. Em vez de pensar no fim, pensar no ciclo. E isso muda tudo.

Na prática, aplicar o C2C significa:

Para as empresas, é hora de transformar a sustentabilidade em inovação e o design estratégico e a gestão ambiental são aliados essenciais nessa jornada. É aqui que a Ecofy atua: conectando criatividade com responsabilidade, propósito com solução. Acreditamos que o futuro não precisa ser “menos pior” — ele pode (e deve) ser regenerativo.

No fim das contas, viver o Cradle to Cradle é assumir que tudo está interligado e que, sim, nossas escolhas individuais somam em algo maior. Se o mundo que temos hoje foi criado com base em um modelo linear, o de amanhã pode (e precisa) nascer com novos princípios.

E esse recomeço começa agora. Vamos juntos?

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Transformar o mundo começa com o primeiro passo.

Referências

Decreto nº 10.936/2022: Regulamenta a Lei nº 12.305/2010, que institui a PNRS.

FERNANDES, A. Cradle to Cradle: Ciclo fechado berço-a-berço: planejamento na gestão dos resíduos como nutrientes. Encontro Paranaense de Educação Ambiental (EPEA). In: CONGRESSO ECOGERMA, 2013, São Paulo. Anais... São Paulo, 2013.

JACQUES, J. Estudo de iniciativas em desenvolvimento sustentável de produtos em empresas calçadistas a partir do conceito berço a berço. 2011. 305f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) –Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

LACERDA, F. Economia Circular: Preservar, otimizar e assegurar recursos essenciais para nosso futuro. COTEC Portugal, 2016.
ABRAMOVAY, R. A economia circular chega ao Brasil. Valor econômico, São Paulo, 17 nov. 2015. p.A.

LUZ, B.Economia Circular Holanda: Brasil:da teoria àprática. Rio de Janeiro: Exchange 4Change Brasil, 2017.

PNRS: Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.

SOUZA, A. Pegada Ecológica e a sustentabilidade dos recursos naturais. Revista de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 19, n. 2, p. 34-46, 2020.

RIBEIRO, Luana. Inovação Cradle to Cradle (C2C) e a Circularidade: Contribuições Econômicas e ambientais no Brasil. Revista Iniciativa Econômica, Araraquara, v. 4 n. 1, janeiro-junho de 2018. Edição Especial: V Semana de Pós Graduação em Economia.