É natural que quando começamos a estruturar um projeto de produto ou serviço nos inspiremos olhando para empresas que rodam grandes estratégias, experiências inovadoras e atendem milhões de clientes simultâneos, movimentando grandes quantidades de produtos e quantias de dinheiro.
Fato é que a maior parte dos negócios de sucesso nascidos a partir dos anos 2000 - e inúmeros outros muito antes disso - iniciaram de forma praticamente artesanal. É fato também que, logo após começarem a mostrar seus potenciais no mercado, receberam volumosas quantias de investimentos para sua alavancagem.
O Facebook começou com Mark Zuckerberg mais alguns estudantes em seus alojamentos em uma universidade americana. O Alibaba foi concebido por Jack Ma na sala de seu aparamento na China. O Airbnb começou com dois colegas alugando seus apartamentos para receber pessoas durante um evento em sua cidade.
Nestes projetos, há duas características importantes: a tecnologia e o MVP.
O MVP é uma entrega específica dentro de um mindset que possibilita o surgimento de produtos e serviços otimizados aos clientes, e a tecnologia é a grande impulsionadora.
O Mínimo produto viável (MVP) é a concepção mais simples de um produto que pode ser colocado à disposição no mercado, normalmente em versão beta, exigindo tempo e orçamento reduzidos. Assim, podemos colher rapidamente os feedbacks dos primeiros clientes, sentir a aderência e assim melhorar o produto na próxima versão e amadurecer sua experiência - ou desistir da ideia e criar outra, também chamado de pivotar.
Para clarificar, podemos pensar no papel de um MVP em um projeto de um copo.
Inicialmente, qual o objetivo principal deste objeto? Um copo deve ser um recipiente que caiba uma quantidade razoável de líquido para facilitar sua ingestão.
Com esta definição básica do objetivo do produto, podemos projetar o MVP garantindo os requisitos mínimos.
Neste caso, projetaríamos um objeto de material resistente, impermeável e não solúvel, sem furos ou vãos, com fundo sólido que o mantenha em pé, que caiba na mão de uma pessoa, com uma abertura no topo para que finalmente o conteúdo possa ser consumido.
Depois de lançado, a equipe pode pensar em melhorias como uma alça para aprimorar a ergonomia, uma tampa para assegurar a higiene do líquido, revestimentos mais tecnológicos para manter a temperatura do conteúdo, e por aí em diante.
A cada nova versão do produto, um novo MVP é criado baseando-se nos feedbacks dos consumidores.
Mas o MVP é melhor do que o quê? O MVP é a representação de como a forma de pensar e agir no mercado mudou nos últimos anos devido à tecnologia.
Antes da popularização das métodos ágeis, como o Scrum, o formato de desenvolvimento seguia a metodologia clássica de projeto, o desenvolvimento em cascata.
Desenvolvimento em cascata, ou Waterfall, funciona em um ciclo único dividido em etapas. Primeiro você escreve o escopo completo de tudo que o produto deve ter, depois desenha a solução, suas interfaces, desenvolve a programação, testa e publica no mercado. Por exemplo, um projeto de desenvolvimento de ecommerce neste formato levaria em torno de 6 meses para ser concluído. Caso o produto não tenha aderência e não seja atrativo no mercado, podemos ver uma grande quantia de tempo e dinheiro sendo "perdidos".
É claro que estamos falando de desenvolvimento de software e tecnologia, que possibilita moldar a forma de concepção do produto.
Já quando tratamos de projetos ambientais ou de engenharia, por exemplo, a forma de gerenciamento padrão é necessária, afinal um engenheiro não pode checar se uma ponte ou um edifício funcionam testando com usuários reais antes da obra estar concluída. É necessário a obra estar finalizada e bem projetada desde o seu início.
Quando se fala em desenvolvimento de software e inovação, onde existem mais incertezas do que certezas no processo, as metodologias ágeis são essenciais para o descobrimento de novos produtos e serviços através de experiências e testes, o que propõe a empresas uma posição dinâmica e sempre atualizada em sua área de atuação.
E quais são as vantagens? Mas quais as vantagens reais do MVP?
Usuários no centro do produto: Com diversos ciclos de desenvolvimento, podemos pensar prioritariamente nos usuários, compreender melhor suas necessidades e moldar o produto rapidamente para ser mais eficiente no problema que busca solucionar;
Muito menos retrabalho: Ouvindo feedbacks reais, a equipe fará iterações de forma mais objetiva, focando em necessidades reais e dados objetivos, o que torna o processo mais assertivo;
Escopos claros: Ao projetar apenas as funcionalidades prioritárias, todos os envolvidos no desenvolvimento terão mais clareza do esforço necessário, se dedicando ao máximo em pequenas entregas, construindo o produto de forma mais dinâmica;
Melhor timing de mercado: Se o produto tiver aderência, você receberá o retorno financeiro mais rapidamente para melhorá-lo na próxima versão;
Tudo muito mais barato: Na hipótese do produto não dar certo nos primeiros teste, o custo financeiro será menor e você terá economizado um tempo precioso que invariavelmente gastaria se tivesse desenvolvido um produto completo.